Tramas clichês ao máximo permeadas com muita ação e violência parecem ser garantia de sucesso na Record. ‘Vidas Opostas’ e ‘Amor e Intrigas’ que o digam. Com ‘Promessas de Amor’, terceira fase da saga dos mutantes, iniciada há quase dois anos, Tiago Santiago admite que quer voltar “ao grande novelão, ao folhetim histórico e às grandes histórias de amor”. Para o autor, que considera não terem existido falhas em ‘Os Mutantes’, o único problema foi, apenas, o de aquela produção não ter tido uma “audiência crescente”, à semelhança de outras novelas já escritas por ele na Record, ‘A Escrava Isaura’, ‘Prova de Amor’ e ‘Caminhos do Coração’.Para deixar de lado a saga dos seres humanos geneticamente modificados e enfatizar a história do quarteto amoroso composto por Amadeus, Sofia, Nestor e Armanda, Tiago Santiago tratou de arranjar soluções. E, com isso, pretende ampliar o seu público, acoplando às crianças, suas vovós, mamães e papais. “Pretende-se discutir importantes temas sociais da realidade, como educação, por exemplo, ao lado de temas também clássicos, como ambição, ciúmes, adultério, violência contra a mulher e sociopatia”, esclarece Tiago Santiago sobre a sua nova novela.Cansado por estar há quase dois anos a escrever ininterruptamente, o autor de ‘Promessas de Amor’ fala, ainda nessa entrevista, da influência que Janete Clair e suas obras têm nos seus trabalhos; na insistência pelos nomes de Renata Dominguez e Luciano Szafir para seus protagonistas; nas semelhanças com ‘Prova de Amor’; na concorrência com Glória Perez e com a Rede Globo; e, finalmente, no momento atual da teledramaturgia da Record. Confira, abaixo, a entrevista exclusiva realizada por Bruno Cardoso para o NaTelinha:
‘Promessas de Amor’ é, com toda a certeza, a temporada final de ‘Caminhos do Coração’ ou existe a possibilidade de, em caso de sucesso, você e a emissora levantarem a possibilidade de uma quarta temporada?
Tiago Santiago: Apesar de amar o que faço, com toda força do meu espírito, meu corpo precisa descansar, tenho que despertar sabendo que não terei que produzir o capítulo completo, com o melhor que puder oferecer, para graça, deleite e emoção de quem assiste a novela.
Ao enveredar, mais uma vez, pelas grandes histórias de amor, você reconhece que falhou ao apostar, em ‘Os Mutantes’, apenas no gênero que consagrou ‘Caminhos do Coração’, o sobrenatural e as mutações?
TS: Não se pode falar de falha na novela que bateu recorde de audiência de novelas da Record, no horário das 21h, levando à baixa de duas novelas da concorrência, com todos seus medalhões, e a alta de nossa emissora, em todo o horário noturno, vencendo ainda a reprise do "Pantanal", no SBT. A opção pelo sobrenatural garantiu público fiel, ao longo de toda jornada de "Os Mutantes", porém sempre se pode melhorar, não é mesmo? Muitas televisões foram vendidas neste país, para agradar aos filhos, que insistiram em ver nossa novela, ajudando a mudar o hábito da família brasileira, habituada a décadas de monopólio da novela brasileira, no horário. Com Mestrado em Sociologia, não poderia jamais menosprezar a força do hábito. E agora quero atrair vovós, papais e mamães, interessados em ver o grande novelão, o folhetim clássico, a romântica história de amor, com discussão de importantes temas sociais da realidade, como educação, por exemplo, ao lado de temas também clássicos, como ambição, ciúmes, adultério, violência contra a mulher e sociopatia, temas apropriados para o horário.
O que falhou em ‘Os Mutantes’?
TS: Já que você insiste no tema da falha, em uma novela de grande sucesso, numa sequência consagradora, há mais de dois anos, com 500 capítulos já escritos, poderia dizer que foi a minha primeira novela que não teve audiência sempre crescente, com alguma oscilação ao longo dos dez meses que ficou no ar, apenas na fase de "Os Mutantes". Por outro lado, isto se deveu à intensa campanha de autopromoção, com décadas de knowhow, da concorrente, em busca de salvaguardar sua audiência. A reação demorou um pouco mais veio: começou a era da mídia cruzada, na Record. A máquina da indústria da Tv gera a concorrência, por força do mercado, num gesto de reprodução, que mostra como está viva. O núcleo de Teledramaturgia da Record é um sucesso.
Recentemente, você afirmou que iria se basear em Janete Clair para desenvolver ‘Promessas de Amor’. O que a Janete tem que todos os autores buscam suas inspirações, ou parte delas, nas obras dessa autora?
TS: Janete Clair escreveu muitas lindas novelas, que assisti e amei, a cada capítulo. Janete era muito romântica e armava seus ganchos com maestria, tinha carpintaria dramática de alma apaixonada, cheia de luz. Da obra dela, tiro o amor pelo folhetim e a noção de um grande truque da antiguidade clássica, a troca de identidade, usada pelos deuses gregos, por Shakespeare, por Dumas e por Janete Clair e Ivani Ribeiro.
Por que o nome ‘Promessas de Amor’?
TS: Porque é lindo, clássico, e quem já não prometeu amor nesta vida, não sabe o que está perdendo. É nome de novela, é título de folhetim, que encerra a trilogia dos mutantes. Acho linda esta história da minha trilogia.
Em que é que a sua nova trama se distancia e aproxima de ‘Prova de Amor’?
TS: Elas se assemelham no nome, na ambientação do Rio, em parte. Quando Amadeus volta como Bernardo, não conta para Sofia que ele é ele, isto a enlouquece de paixão. O colégio é uma ambientação nova, assim como o tema da educação. Petrópolis é uma locação diferente. As tramas dos mutantes na clandestinidade, ao lado das tramas realistas, conferirá toque fantástico, dentro de um contexto de muita realidade, enquanto "Prova de Amor" era ainda mais realista, menos no final, em que já havia passagem para o espiritual, para o metafísico, fantástico.
Com a subida do quarteto amoroso, composto pelos personagens do Luciano, da Renata, do Léo e da Bianca, o que acontecerá aos restantes mutantes? Quem fica e quem sai nesse elenco para os mais jovens?
TS: Ficam Lúcio e Juno, com 18 anos, e se eles não se amarem, Valente, seu filho, o Viajante do Tempo, morrerá. Ficam também Eugênio, Anjinha, Clarinha, Vavá, Aquiles, Ágata, Isis, Perpétua, Cleo, Gór, Metamorfo, Draco e Telê, como mutantes. Ou seja, pouco menos de um terço do elenco será de mutantes. Eles passam a estar na minoria, e todos são perseguidos, por causa da nova Lei Antimutante, e começam a viver disfarçados, na clandestinidade. A Liga Bandida vira quadrilha poderosa, e os jovens mutantes da Liga do Bem vão estudar no Colégio Novo Ensino, onde terão que disfarçar seus poderes.
Luciano Szafir estava cotado para ‘Poder Paralelo’ e a Renata Dominguez para ‘Bela, a Feia’. Ter os dois agora como seus protagonistas demonstra que, dessa vez, você não conseguiu grandes nomes fora do elenco da casa?
TS: Luciano Szafir e Renata Dominguez foram desejados por outros autores, mas eu já os havia pedido, desde o final de "Amor e Intrigas", e a Record cumpriu o que combinou comigo. Não queria outros protagonistas. Estes eram exatamente aqueles que eu queria e já havia combinado também com Avancini, com total aprovação dele. Temos grandes estrelas na casa, e trouxe várias outras, inclusive de fora, com quem vou trabalhar pela primeira vez. Minhas novelas são fazedoras de estrelas também.
Qual é o fio condutor da sua novela? Como você fará a passagem de ‘Os Mutantes’ para ‘Promessas de Amor’?
TS: Vou deixar esta surpresa para o ar.
TS: Porque é o lugar mais lindo que já vi na vida, e quero dividir esta emoção com a audiência, em cenas espetaculares de muita aventura.
É verdade que a trama deixa agora São Paulo e passa a ser rodada em Petrópolis e ambientada no Rio de Janeiro e numa de suas favelas?
TS: A trama no começo está ainda parcialmente em São Paulo e no Litoral. Outra parte se passa no Rio e em Petrópolis e vamos usar favela, sim.
Colocar na sua novela uma nova favela é usufruir de um artifício que sabe que deu certo em ‘Vidas Opostas’ e em ‘A Lei e o Crime’?
TS: Você pode não ter reparado, mas usei favela antes de "Vidas Opostas", em "Prova de Amor", com muito sucesso, e uma levou a outra, de alguma forma.
Com um elenco de 50 personagens, você não teme cair nos mesmos erros que Manoel Carlos e Glória Perez? O excesso de elenco pode não dar espaço para todos atuarem?
TS: Manoel Carlos e Gloria Perez são grandes autores, manejam com maestria até mais atores do que 50. Para mim, 50 é um bom número para garantir meses de muita emoção no ar, com variedade de história. Desta vez, vou centrar mais nos protagonistas. Em "Os Mutantes", há que lembrar que a Bianca Rinaldi estava grávida de gêmeas.
A gravidez da Bianca Rinaldi fez você alterar em muito a história de ‘Os Mutantes’ e agora, de ‘Promessas de Amor’?
TS: A gravidez da Bianca estava planejada para depois de "Caminhos do Coração", e eu ofereci a Samira já dizendo para ela e para o Menga, seu marido, que se ela engravidasse, as personagens engravidariam junto. Só não esperávamos que fossem gêmeas, mas entendi isto como uma bênção. Eu e a Ligia vamos ser padrinhos da caçulinha. Fiquei muito emocionado e honrado pelo convite.
Você se sentiu, de algum modo, defraudado ou desagradado com a queda dos
índices de ‘Os Mutantes’?
TS: Começamos no auge, e vamos terminar no auge. Isto é o mais importante. Enfrentamos Olímpiadas, campanha gigantesca da concorrente, sem a mesma máquina de autopromoção, reprise de Pantanal, seguramos tudo, com pouca queda da média geral, para terminar de novo bem para cima.
Acha que é páreo para ‘Caminho das Índias’? O que acha da trama da Glória Perez?
TS: Não acho que sou. Eu sou, até porque já estou neste páreo, ainda que no segundo lugar, mas tentando chegar, com todo respeito, porque amo de coração esta grande dama que merece todo o meu respeito, Gloria Perez. a quem tenho por amiga.
Já está pensando noutro projeto, para a Record, que não envolva mutantes?
TS: No momento, não.
Como você vê a atual teledramaturgia da Record?
TS: Como um projeto brilhante, bem arquitetado e construído, já com saudável disputa entre projetos, em plena expansão e conquista progressiva da audiência.
Como você explicaria ‘Promessas de Amor’ para os internautas do nosso site? O que você acha do produto que está sendo desenvolvido nas suas mãos?
TS: É um novelão, uma grande história de amor, com muitos problemas, uma grande aventura, com muito suspense, e um toque fantástico, para dar leveza, humor e graça. Acho fascinantes as histórias que me conduzem. Não sou eu quem as conduzo. São elas - as histórias - que me levam.
NA TELINHA
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